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Rio de Janeiro,21/11/2024

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Pesquisa revela lacunas na educação digital brasileira e aponta para o papel fundamental da ética no combate aos crimes cibernéticos


Pesquisa revela lacunas na educação digital brasileira e aponta para o papel fundamental da ética no combate aos crimes cibernéticos
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A crescente digitalização da vida cotidiana vem impondo um desafio urgente: formar cidadãos digitais éticos e informados. Essa necessidade foi o ponto de partida para a advogada Patrícia Peck Pinheiro idealizar a pesquisa Panorama da Educação Digital no Brasil, realizada entre julho e setembro de 2012 em mil escolas públicas e privadas de 21 estados brasileiros, a pesquisa se propôs a mapear as práticas educativas voltadas à cidadania e segurança digital no país. Os dados da pesquisa evidenciam um contexto alarmante, considerando que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking global de crimes cibernéticos. Segundo o levantamento, embora 96% das escolas pesquisadas possuam computadores e acesso à internet, aproximadamente 55% delas não oferecem aulas sobre ética e segurança digital, um dado que indica a fragilidade no preparo dos jovens para os riscos do ambiente online.


A Promotora de Justiça do MPDFT, Luciana Asper y Valdés, destaca que o conceito de ética digital não deve ser tratado de maneira isolada: “Não somos seres fragmentados. Falar em integridade é pensar no ser humano como um ser inteiro, seja no mundo real ou virtual. Se não investirmos na formação de indivíduos íntegros, retos e virtuosos, nunca resolveremos o problema da falta de ética digital.” A promotora enfatiza que o desenvolvimento do caráter e das virtudes deve ocorrer de forma abrangente, integrando valores como fraternidade e respeito. Para ela, essa formação vai além da instrução digital; ela é o alicerce para uma cidadania responsável e um caminho para mitigar o aumento dos crimes cibernéticos.


O estudo propõe uma reflexão sobre a ausência de educação ética como um tipo de “corrupção primária”, que surge com a falta de instrução sobre certo e errado desde a infância. Esse fenômeno, muitas vezes negligenciado, pode dar margem a comportamentos danosos para a sociedade, incluindo práticas corruptas. “A ordem jurídica estabelece limites mínimos para que uma sociedade sobreviva, mas a velocidade dos crimes digitais desafia esses limites”, afirma Asper y Valdés. Com o avanço da tecnologia e a rapidez de disseminação de informações, as infrações aumentam em volume e complexidade, dificultando a atuação dos sistemas de controle.


Para enfrentar essa realidade, o Prêmio NaMoral, criado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios em parceria com a Associação dos Profissionais de Propaganda do Brasil, incentiva jovens a criarem materiais de comunicação que promovam a ética e a integridade. Com premiações que variam de R$ 15 mil a R$ 25 mil, a iniciativa visa inspirar estudantes de nível técnico e universitário a desenvolverem campanhas contra a “corrupção primária” e a favor de uma convivência digital mais ética. “O projeto NaMoral foi implementado como uma tecnologia social, unindo especialistas e educadores para promover a educação para a integridade. Desde 2019, essa metodologia gamificada vem sendo aplicada nos 8º e 9º anos do ensino fundamental e agora se estende a outras séries e ao Ensino Médio”, explica a promotora.


Os desafios para incluir a cidadania digital nos currículos escolares são substanciais. Segundo Luciana Asper y Valdés, a resistência às mudanças é um dos obstáculos: “Resistimos às mudanças porque elas nos tiram da zona de conforto. Precisamos transformar a integridade em política pública nacional, com o envolvimento de toda a sociedade civil.” A promotora também observa que, embora a responsabilidade pela educação ética dos jovens deva ser compartilhada entre escolas e famílias, muitas vezes os próprios pais carecem de formação sobre cidadania digital. Dessa forma, ela aponta para a necessidade de um esforço coletivo, em que a escola, o governo e a sociedade civil atuem em conjunto para promover uma ética digital sólida.


Outro ponto importante da pesquisa é a análise de quatro indicadores nas escolas: infraestrutura, governança, processo pedagógico e orientação parental. A pesquisa indica que, além da falta de aulas de cidadania digital, há uma ausência de governança nas plataformas digitais das instituições, o que pode dificultar a disseminação de valores éticos no ambiente escolar. Em resposta a essa situação, o projeto NaMoral oferece atividades educativas para pais e alunos, com o objetivo de fortalecer a integridade dentro e fora da sala de aula. “Precisamos educar para que todos, incluindo as famílias, possam ser influenciadores e embaixadores da integridade”, afirma Asper y Valdés.


Assim, a pesquisa *Panorama da Educação Digital no Brasil* aponta para a urgência de políticas educacionais que priorizem a formação ética dos cidadãos em um cenário de crescente avanço tecnológico. Em uma era em que as redes sociais e algoritmos expõem crianças e jovens a uma enxurrada de informações e influências, a promoção da cidadania digital é mais do que uma necessidade – é uma medida preventiva essencial para o futuro da sociedade.

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