Uma nova economia: o chamado do G20 pelo Impacto em Nova Iorque
Por Marcel Fukayama - co-fundador da Din4mo e coordenador do G20 pelo Impacto
A Semana do Clima em Nova Iorque, realizada no final de setembro, destacou-se como um ponto de virada para repensar o futuro da economia global. O G20 pelo Impacto, uma coalizão formada por 50 organizações, surge como uma força essencial nesse contexto, propondo uma transformação urgente: a construção de uma economia inclusiva, equitativa e regenerativa. As crises climáticas e socioeconômicas não podem ser resolvidas pelos modelos econômicos tradicionais, e o G20 pelo Impacto defende um novo paradigma centrado nas pessoas e no planeta.
Durante a Semana do Clima, a coalizão apresentou ações concretas, entregando uma Carta de Recomendações à presidência do G20 da África do Sul, que assumirá o grupo em 2025. A proposta de institucionalizar a Cúpula Social do G20 visa dar à sociedade civil um papel ativo nas decisões globais. Além disso, a carta sugere a criação de um grupo de engajamento dedicado à reforma da governança global e ao desenvolvimento sustentável, além de uma iniciativa que trate de uma economia voltada para as pessoas e o planeta.
Este movimento não começou agora. Em junho, foram entregues recomendações aos líderes das trilhas políticas do G20, com propostas de impacto nas esferas ambiental e econômica. As diretrizes, desenvolvidas por especialistas, incluem financiamento sustentável, soluções baseadas na natureza e estratégias para reduzir desigualdades e fortalecer a resiliência dos ecossistemas.
A coalizão destaca a importância da mobilização social para garantir que as recomendações se tornem realidade e influenciem as políticas globais. Sem essa pressão, as ideias correm o risco de ficarem no papel. O G20 pelo Impacto, ao unir líderes globais e movimentos em defesa de novas economias, como a circular e a regenerativa, tem demonstrado que a transição para um novo paradigma econômico está a ganhar força.
Na plenária realizada em 26 de setembro, com a participação de 30 organizações da coalizão, incluindo lideranças do Brasil no G20 como o Sous Sherpa, Felipe Hees, e Tatiana Berringer, coordenadora do G20 Social na trilha financeira. O foco foi alinhar estratégias para promover uma economia mais inclusiva e sustentável. A presença de autoridades brasileiras reforça o compromisso do país em participar nas discussões sobre a reforma da governança econômica e na ampliação da participação social nas decisões do G20.
Em outro evento, HE Razan Mubarak, da COP28, liderou uma mesa redonda que discutiu o empoderamento de comunidades afetadas pelas mudanças climáticas. Foi abordada a importância de criar capital social e usar "blended finance" (uma combinação de capital público e privado) para financiar soluções que promovam inclusão social e resiliência econômica.
Embora o foco esteja na cúpula do G20 no Brasil, em novembro, o G20 pelo Impacto já trabalha para as próximas cúpulas, como a que ocorrerá na África do Sul em 2025. A quarta plenária da coalizão, em novembro no Rio de Janeiro, será essencial para definir estratégias e alinhar ações para influenciar as agendas do G20 nos próximos anos.
Com os países do G20 a representarem 85% do PIB global e 80% das emissões de gases de efeito estufa, suas decisões moldarão o futuro da humanidade. O G20 pelo Impacto não oferece apenas uma alternativa, mas uma solução essencial para enfrentar a crise global. O tempo para discursos acabou. Agora é hora de agir.
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